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terça-feira, 26 de junho de 2012

TEXTO - A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR - outro texto

Bom dia!!!


Hoje é dia de Texto (para orientação, reflexão e ajuda na educação das crianças).


O texto é um pouco longo, mas vale a pena a leitura. Muito informativo e nos dá base da importância do brincar.


Boa leitura, ou seria boa viagem...



BRINCAR: UMA VIAGEM, MUITOS PORTOS

Adriana Friedmann


 OFERECER UM BRINQUEDO, UM JOGO, UMA BRINCADEIRA A UMA CRIANÇA É UMA FORMA DE ESTARMOS PRESENTES NA VIDA DELA E DAR-LHE UMA PARTE DO NOSSO TEMPO, DA NOSSA PRESENÇA. BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS  SÃO TESTEMUNHOS DE AFEIÇÃO E AMOR, QUE DESDE A MAIS TENRA INFÂNCIA, DIFICILMENTE ALGUÉM ESQUECE.


         No decorrer do último século, tem se falado, pensado, teorizado e pesquisado muito sobre o brincar, o que não significa que o assunto tenha sido esgotado.
         O que é, pois esta viagem do brincar? Tantas definições e teorias através do tempo… Muitos portos, alguns bem conhecidos e explorados; outros, ainda por “conquistar”.
Podemos considerar que o brincar está composto por vários elementos:
-          Uma ESTRUTURA, com começo, meio e fim, que se mantém através das diferentes culturas e civilizações.
-          OS MEIOS – Como brincamos, de que forma?
-          OS FINS – Brinca-se porque, para que? Pelo simples prazer de brincar? Para realizar desejos? Para descarregar energias? Para compreender? Brinca-se de forma espontânea ou direcionada?
-          CONTEÚDO(S) – os enredos, as temáticas que variam em função dos grupos, faixas etárias e contextos.
-          REGRAS – ao mesmo tempo em que se perpetuam, podem variar de um grupo a outro. São a essência do brincar. Mais flexíveis nas brincadeiras, mais rígidas nos jogos estruturados.
-          ESPAÇO – que oportuniza ou atrapalha o desenvolvimento da brincadeira, sobre o qual falaremos longamente logo mais.
-          TEMPO – não é o tempo dos relógios; não é o tempo planejado; não é o tempo consciente. É simplesmente um tempo especial e precioso.
-          OBJETOS/BRINQUEDOS – antigamente, raros ou ligados à natureza. Hoje, cada vez mais presentes, estímulos interessantes, porém, muitas vezes deturpando o verdadeiro ato de brincar e incentivando mais o consumo. Objeto/Brinquedo, seja artesanal, motivando o resgate, uma volta às raízes, ou industrializado, valorizando-se cada vez mais sua qualidade. Os das crianças vão desde o próprio corpo, os elementos da natureza, os brinquedos “de gente grande”, os artesanais, os industrializados, a sucata, os eletrônicos até a imaginação… Os dos adultos: nossos pertences materiais (aos quais somos muitas vezes apegados demais!); nosso corpo; nossos sonhos; nossas imagens … Todos esses brinquedos e objetos, escondem um simbolismo, uma mensagem, nem sempre explícita.
-          PARCEIROS – Antigamente o adulto brincava de forma indiscriminada com a criança. Mais tarde, o brincar começa a caracterizar o cotidiano infantil e ainda os adultos das classes populares brincam bastante. Com o surgimento da escola, o brincar passa a fazer parte do pedagógico. O brincar do adulto mistura-se com o jogo de azar. Na atualidade, a preocupação é resgatar o direito e a oportunidade de todas as crianças brincarem. E o adulto começa a procurar “do quê brincar” nos seus momentos de lazer, como uma forma de aumentar sua auto-estima e desenvolver sua criatividade. Com quem nos permitimos brincar? Com nossos alunos, com nossos filhos, no trabalho, na família, com parceiros “virtuais”?
- UM COMPORTAMENTO LÚDICO – diz respeito às ações e reações daqueles que brincam.
Brincar sempre foi essencial ao ser humano. E como bem expressou Schiller “Um homem somente brinca quando ele é humano… E ele somente é humano quando brinca…”
Historicamente o homem sempre brincou, através dos diversos povos e culturas e no decorrer da história, sem distinção, nas ruas, praças, feiras, rios, praias, campos… Mas, ao longo do tempo,  as formas de brincar, os espaços e tempos de brincar, os objetos de brincar e os brincantes, foram se transformando.
Quando reflito a respeito de ESPAÇO penso, não somente no espaço externo, mas também no espaço interior de cada ser humano: o quanto estamos disponíveis internamente para deixar o brincar entrar nas nossas vidas. Penso tanto no espaço físico quanto no espaço no tempo, na vida. Quando há espaço interno, espírito lúdico interno, o espaço para o brincar acontecer, o espaço externo surge de forma natural.
Nossa cultura tem um espírito lúdico por natureza e tem acontecido, sobretudo na última década, um movimento de resgate do espaço de brincar, tanto interno quanto externo.
Estudos e pesquisas na área do lúdico têm crescido mostrando cada vez mais a importância fundamental que a preservação do espaço tem no desenvolvimento, sobretudo da criança e do jovem.
A existência de espaços de brincar é importante para:
·       a socialização e troca entre os brincantes;
·       o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e moral das crianças e jovens;
·       o estímulo da sua criatividade;
·       o despertar e o desenvolvimento dos seus potenciais e habilidades;
·       tornar os indivíduos mais humanos;
·       resgatar a essência  e os valores mais significativos de cada um.
Você reparou em quem está ao seu lado, na frente ou atrás? Olhe para esta pessoa. Simplesmente olhe. Estabeleça um diálogo: com o olhar, com um gesto, com uma delicadeza. E permita-se brincar.
O ato de brincar é um diálogo que o ser humano estabelece consigo próprio, com o(s) outro(s) ou com um ou mais objetos. E é através desse diálogo que o homem se conhece, se percebe e conhece o outro. Seja de forma competitiva, quanto cooperativa, é a partir das trocas com o mundo que tomamos consciência da nossa humanidade.
O brincar é também considerado como a expressão não verbal de emoções, sentimentos, afetos. O brincar é uma descoberta, uma dúvida, um exercício de paciência. O brincar é um movimento de despertar, uma entrega e, ao mesmo tempo, uma tensão. O brincar é um “espelho de mim”, um confronto com meu ser e com os outros.
Todos aqueles que criam, inventam e reinventam objetos estão, na verdade, brincando: quem faz moda, quem inventa objetos utilitários, quem é designer de móveis, brinquedos, estampas, até de casas. Então, quem é que não brinca?
Todos brincam e não precisa ser artista, ou melhor, todos somos artistas: brincamos com os sons, com o nosso corpo, com as cores ao combinarmos as roupas que vestimos a cada dia; brincamos com o preparo dos alimentos; com o espaço e os objetos das nossas casas; com os pensamentos; fazendo piadas; e a lista fica interminável.
Podemos considerar o brincar como uma linguagem, através da qual as crianças se comunicam, entre si e com os adultos. O brincar é um sistema de signos que representa, de forma inconsciente, a vida real, sob o olhar daquele que brinca (o jogo simbólico, por exemplo); o brinquedo ou os objetos utilizados no jogo, representam uma ponte, um meio de comunicação. A linguagem do brincar caracteriza-se pela sua universalidade: ela é tão antiga quanto a existência do ser humano, atravessando o tempo e as fronteiras. Uma linguagem que tem se perpetuado na sua forma, apesar dos seus conteúdos se transformarem.
O brincar pode ser lido e interpretado de forma científica, acadêmica, analítica, clínica, universal, histórica, regional, cultural, folclórica. E também sob um olhar místico, ritualístico, simbólico, misterioso.     

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